Neste dia frio e chuvoso de outono, nossos olhos vislumbram não só as imagens e o multicolorido de capas, cachecóis, casacos e abrigos para enfrentar as intempéries. Tudo mesclado com o frenesi da Copa de 2014, na capital.
Vamos folheando as páginas dos jornais e nos defrontamos com o drama dos meninos e meninas de uniforme azul, tendo aula em meio aos buracos.
São 1268 estudantes, da uma escola estadual gaúcha.
A reportagem da Zero Hora de 30 de maio relata:
São 1268 estudantes, da uma escola estadual gaúcha.
A reportagem da Zero Hora de 30 de maio relata:
“O atraso em reformas na Escola Estadual de Ensino Médio Carlos Lorea Pinto, em Rio Grande, coloca alunos e professores em risco durante as aulas. O piso de seis salas está comprometido com tábuas soltas e podres. Além disso, o forro ameaça desabar. Um professor e alunos já se machucaram em episódios em que o chão cedeu”
Rio Grande é uma linda cidade, próspera, banhada pelo oceano, único porto de mar do Estado, por onde circulam os produtos da economia mundial. Mas, os alunos e os professores da escola Carlos Loréa Pinto não são partícipes dos resultados econômicos, apenas estão na mira do projeto político da Secretaria de Educação gaúcha que prevê corte de despesas, turmas enturmadas, promoções por produtividade, entre outras inovações.
Para a representante da Secretaria, em Rio Grande, Faraildes Ávila, tudo se resume em atraso nas licitações e ajustes com as empresas contratadas, os buracos são detalhes passageiros. Bom lembrar que a professora Faraildes também foi líder sindical, representante da cidade junto ao CPERS.
Para a menina Natalia, de 13 anos, resta o medo de se machucar. Para o professor de História, a perna fraturada. Entre os ajustes financeiros, a demora, a biblioteca fechada a ausência dos conteúdos históricos e o medo restam os buracos da educação. Pequenos detalhes que a foto nos mostra como um travo nas consciências e que não permite calar. E que a injustiça não se perca entre as cinzas do esquecimento. Por isso nos valemos dos versos de Mario Benedetti .
cantamos porque chove sobre o sulco
cantamos porque chove sobre o sulco
e somos militantes desta vida
e porque não podemos nem queremos
deixar que a canção se torne cinzas.