O desigual está ao alcance dos olhos dispostos a ver, os suntosos prédios públicos federais que ofuscam a nossa vista para o Gauiba e, logo ali, minúsculos casebres a céu aberto.
É uma parcela do cotidiano da Vila do Chocolatão, em Porto Alegre, sob as lentes atentas do fotógrafo.
Walter Benjamim diz que "a natureza vista pelos olhos difere da natureza vista pela câmara". O filósofo tem razão quanto ao ponto de vista da câmara e dos olhos, mas uma coincidência os aproxima: a realidade cruel. Os moradores da vila são famílias composta de homens, mulheres, crianças que catam os nossos lixos, as nossas sobras do consumo diário. Os prédios suntuosos são espacos ocupados por altos funcionários do Erário Público. Urge um questionamento poético à maneira de Fernando Pessoa.
Entre a câmara e o olhar está a vida?
Cabe uma pergunta para a foto de Luiz Abreu: para que lado vai o rio?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante.