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quarta-feira, 23 de junho de 2010

O que os poetas dizem sobre o Tédio

"Não há guarda-chuva contra o tédio:
o tédio das quatro paredes, das
quatro estações,
dos quatro pontos cardeais.
João Cabral de Melo Neto


Em sua luz se banha
A solidão de vozes segredadas.
Manuel Bandeira

terça-feira, 22 de junho de 2010

AS PALAVRAS EM BUSCA DE RESPOSTAS

AS PALAVRAS EM BUSCA DE RESPOSTAS
O que será que acontece com as palavras quando elas desaparecem?

Ou será que brincam de esconde-esconde e temos buscá-las nos esconderijos dos tempos. Para onde vão as juras de amor eterno ou as terríveis sentenças de amores findos.
“Tantas palavras que eu conhecia, saíram de cartaz”. Seria muita ousadia questionar o Chico Buarque. Não me animo. Sou uma tiete inveterada e ficaria muda na sua presença. O Chico alimenta eternamente o imaginário da minha geração, dá alento aos devaneios existenciais transcende o tempo vivo. Ele fala, eu calo. Na sua presença eu fico a contemplar seus olhos multicoloridos. Bem que gostaria, é claro. Sonhar viajando nas canções ainda é permitido.

O que acontece quando as imagens valem mais que mil palavras?

Ai teria que buscar as chaves guardadas pelo Almodóvar. Meu Deus! É paranóia, megalomania? Não sei, ou não quero admitir. As mulheres do cineasta são reais, mesmo na pele de seus personagens. São engraçadas, riem e choram com elegância, só Almodóvar é capaz de dosar elegância nas horas trágicas. É elegante também na denúncia que permeia o mundo feminino. É permitido enlouquecer com ele, cantar, dançar e volver às origens.
Dedico a todos os homens solidários mesmo que não sejam poetas nem cineastas

domingo, 20 de junho de 2010

VIDAS PARALELAS


Monday, February 19, 2007
VIDAS PARALELAS
Das muitas veredas que percorremos, em quase todas ficaram as nossas marcas indeléveis. Sinais, cifras e traços, às vezes invisíveis aos olhos dos transeuntes desavisados, mas perceptíveis aos caminhantes que como nós portadores de sonhos e com espírito apaixonado.
Foram, também, nas mesmas veredas que nos perdemos e nos achamos e nas quebradas das ruas desertas permanecem os vestígios dos nossos beijos furtivos, a gostosura dos nossos amassos e nossa imensa fome de amor, permanentemente insaciável. Tudo muito rápido, às escuras, com medo do flagra. E, nesse vai e vem experimentamos os riscos das noites breves, mas intensas em que tínhamos como fiel companheiro: o perigo. Viver sempre é perigoso. Nossas roupas coloridas brilhavam a luz da lua e os nossos corpos desfrutavam o sabor da aragem que refrigera as almas e que funcionava como antídoto
Quando o dia raiava éramos essencialmente normais, normalíssimos, tão certinhos e marcadamente monótonos. Desempenhávamos com eficiência a nossa rotina a luz do sol, os passos certos, os sentimentos contidos. Parecíamos seres andróginos, assexuados, desprovidos de alma e sem imaginação. Discretíssimos como convinha aos prudentes papéis que nos destinaram. Era assim que sobrevivíamos para enfrentar o tempo através das nossas camuflagens. Ninguém nos reconhecia atrás daquelas vestes em preto e branco, do terno, da gravata e da comportada saia midi ou do terninho de executiva.
Na noite, éramos poetas, compúnhamos versos, e como tais conseguíamos captar as mensagens dos tempos e nos arvoramos profetas e menestréis para anunciar o mundo novo. Mas, como o mundo colorido estava ainda distante, nos restava semear na escuridão. E na escuridão semeamos, capinávamos os cardos, os espinhos que espetavam nossas mãos românticas. Sempre, sempre assim, até o próximo amanhecer.
E, assim vivemos noites e noites, dias e dias, crepúsculos e auroras. Amassávamos de noite e nos alisávamos de dia.
Escrevi para lembrar dos nossos sonhos sonhados e vividos.

A flor mais grande do mundo

Um legado de Saramago

http://www.youtube.com/watch?v=-KTL94Rl7CI&feature=related

Parar, ouvir, ler e refletir

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Schopenhauer



Para Arthur Schopenhauer (1788-1860),não é a razão e sim a intuição, a ferramenta intelectual que possibilita alcançar e captar o coração da realidade. Segundo o filósofo, o coração é a vontade de viver, a realidade absoluta. Esta vontade é essencial, é a realidade divina que rege tudo. É a energia universal, um impulso ilimitado, com pluralidade de manifestações, que vivenciamos na força da gravidade, na exuberância das plantas, na vitalidade dos animais e na força dos desejos humanos.
Arthur Schopenhauer (1788-1860)




quinta-feira, 10 de junho de 2010

SE ESTÁ SÓ....

SE ESTÁS SÓ
NÃO TE APOIES CONTRA A






BALAUSTRADA, DIZ O POETA CHINÊS. NÃO É A ALTURA NEM A NOITE E SUA LUA NÃO SÃO OS INFINITOS À VISTA
É A MEMÓRIA E SUAS VERTIGENS.
ISTO QUE VEJO, ISTO QUE GIRA, SÃO AS CILADAS, AS ARMADILHAS, ATRÁS NÃO HÁ NADA. SÃO AS DATAS E SEUS REMOINHOS.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

SOBRE LIVROS E CORRENTES


SOBRE LIVROS E CORRENTES
UM TEMPO PARA NÃO ESQUECER

Ivone Bengochea[1]
Se há tempo para tudo debaixo do sol, como apregoa o texto bíblico, deve haver um tempo para não esquecer que a terra gira em torno do sol. Muitos ainda pensam que a terra é centro do mundo, não obstante a chuva de informações a respeito e o martírio de Giordano Bruno. Pior, muitos acham que o mundo gira em direção aos seus umbigos e, consequentemente eles são o umbigo do mundo.
Não somente os poderosos pensam assim. Aliás, os poderosos do mundo podem pensar assim. Eles são poderosos e ponto final, pelo menos até o próximo parágrafo. O problema são os que se pensam poderosos com seus discursinhos decorados e acorrentados pelas suas pretensas e difusas ideologias. Ideologias que não passam pelo crivo de uma sentença indignada do velho Marx. Qual ideologia meu bem? Aquela que eu preciso para viver? Ou por aquela que eles professam e não sabem a razão? Uma oficina sobre a Grécia Antiga é um perigo, os gregos são perigosos e não se coadunam ideologicamente com os contemporâneos líderes dos professores..
Alguém disse que “a glória não paga nada e extingue-se.” Certamente os antigos sabiam disso, os contemporâneos são pagos e exaltam-se, mesmo que sejam extintos. Como extinguiram a biblioteca da nossa entidade de classe e a trocaram por uma tímida sala de leitura, sob alegação de estorvo no espaço físico, e a pouca procura. Os livros, especialmente para a maior entidade da América Latina que congrega professores e funcionários de escola, – ou o politicamente correto trabalhadores em educação –, não deveriam nunca estorvar os dirigentes sindicais e seus associados.
No barraco da associação dos garis, em São Paulo, os livros não são estorvos, são bem-vindos, são lidos. No CIP Carlos Santos, em Porto Alegre, onde estão os meninos encarcerados, cumprindo medidas sócio-educativas, existe uma biblioteca e os meninos, mesmo encarcerados lêem e são incentivados a ler. No bairro operário das Rocas, em Natal, há um humilde pescador que coleciona livros, empresta para os vizinhos e doa para as crianças que o procuram. Nos pobres barracos e no bairro humilde potiguar os livros não incomodam.
No sexagenário e combativo CPERS-Sindicato os livros estorvam, incomodam e precisam ceder os espaços e salas para as múltiplas correntes ideológicas que permeiam os nossos lideres. Nossa entidade está acorrentada sim e as correntes aprisionam. Uma prova do aprisionamento nos elos do dogmatismo é o silêncio sobre o julgamento do presidente do Senado Federal ou sobre a não inclusão da Filosofia e da Sociologia nos currículos das escolas estaduais, apesar de aprovada pelo Conselho Federal de Educação no ano passado. Aulinhas de Filosofia e Sociologia são complementos já disse uma proeminente líder classista, na última greve. Provavelmente a história não a absolverá, as lideranças passam, a história continua com a ética ainda precisando sair das retóricas discursivas.
[1] Professora de Filosofia no ensino médio e universitário, coordenadora do PENSARE