Nísia Floresta, cidade do litoral do Rio Gande do Norte, antiga Papari, leva o nome de sua ilustre conterrânea.
Dados biográficos
1810 — Nasceu no dia 12 de outubro, filha do advogado português Dionísio Gonçalves Pinto Lisboa e da brasileira Antônia Clara Freire, no Sítio Floresta, em Papari (RN). Seu nome de batismo era Dionísia Gonçalves Pinto, mas desde a primeira publicação adotou o pseudônimo de Nísia Floresta Brasileira Augusta.
1823 — Aos treze anos, casou-se com Manuel Alexandre Seabra de Melo, mas separou-se em alguns meses e voltou a residir com os pais.
1824 — Devido ao clima de revolta que dominava a região, a família de Nísia transferiu-se para Pernambuco e residiu, primeiro em Goiana, depois em Olinda e Recife.
1828 — Em 17 de agosto, Dionísio Gonçalves Pinto Lisboa foi assassinado nas proximidades de Recife. No mesmo ano, Nísia Floresta passou a residir em companhia de um acadêmico da Faculdade de Direito, Manuel Augusto de Faria Rocha.
1830 — Em 12 de janeiro nasceu a filha Lívia Augusta, que será sua companheira nas viagens pela Europa e futura tradutora.
1831 — Nísia Floresta estreou nas letras através do jornal Espelho das Brasileiras, dedicado às senhoras pernambucanas e que pertencia ao tipógrafo francês Adolphe Emille de Bois Garin. Durante trinta números do jornal (de fevereiro a abril), Nísia colabora com artigos que tratam da condição feminina em diversas culturas.
1832 — Publicação do primeiro livro: Direitos das mulheres e injustiça dos homens. O pseudônimo escolhido revela sua personalidade e opções existenciais: Nísia, diminutivo de Dionísia; Floresta, para lembrar o sítio Floresta; Brasileira, para afirmar o sentimento nativista; e, Augusta, uma provável homenagem a Manuel Augusto. Neste ano, Nísia, o companheiro e a filha transferem-se para Porto Alegre (RS).
1833 — Em 12 de janeiro, no mesmo dia em que Lívia havia nascido três anos antes, nasce outro filho que recebe o nome de Augusto Américo. Sai em Porto Alegre a segunda edição de Direitos das mulheres e injustiça dos homens. Mas em 29 de agosto, Manuel Augusto morre repentinamente aos vinte e cinco anos, deixando-a com os dois filhos pequenos.
1837 — Em meio à Revolução Farroupilha que agitava as plagas sulistas, Nísia Floresta transferiu-se para o Rio de Janeiro.
1838 — Através dos jornais da Corte ela anuncia a inauguração de um estabelecimento de ensino, o "Colégio Augusto", cujo nome é uma homenagem ao companheiro precocemente desaparecido.
1839 — Sai a terceira edição de Direitos das mulheres e injustiça dos homens, no Rio de Janeiro.
1842 — Publicação de Conselhos à minha filha, no Rio de Janeiro. O livro, dedicado à filha Lívia como presente pelo aniversário de doze anos, será o trabalho de Nísia mais editado e traduzido.
1845 — Segunda edição de Conselhos à minha filha, no Rio de Janeiro, acrescentada de quarenta pensamentos em versos.
1847 — Três novas publicações vêm à luz no Rio de Janeiro: Daciz ou A jovem completa, uma historieta oferecida às educandas do colégio; Fany ou O modelo das donzelas, publicado em 8 de abril de 1847, pelo Colégio Augusto, com uma proposta moralista semelhante; e Discurso que às suas educandas dirigiu Nísia Floresta Brasileira Augusta, pronunciado no encerramento das aulas do Colégio Augusto, em 18 de dezembro de 1847.
1849 — Primeira edição de A lágrima de um Caeté, no Rio de Janeiro, sob o pseudônimo de Telesila. O poema de 712 versos trata da degradação do índio brasileiro e do drama vivido pelos liberais durante a Revolução Praieira, reprimida em Pernambuco em fevereiro desse mesmo ano. Nísia Floresta embarca para a Europa com os dois filhos, no dia 2 de novembro.
1850 — Mesmo residindo em Paris, é publicado, em Niterói, o romance histórico Dedicação de uma amiga, em dois volumes.
1852 — Em 27 de janeiro embarca em Lisboa, rumo ao Brasil, onde vai permanecer por cerca de dois anos. Durante este período, ela aproveita para vender parte das terras que havia herdado no Nordeste.
1853 — Publicação de Opúsculo humanitário, no Rio de Janeiro, onde a autora condena a formação educacional da mulher, não só no Brasil como em diversos países.
1855 — O Jornal O Brasil Ilustrado, de 14 de março a 30 de junho, publica em oito capítulos o texto "Páginas de uma vida obscura", que traz a história de um negro escravo e o que a autora pensava, na época, acerca da escravidão. Em 15 de julho outro texto veio a público no mesmo jornal: "Passeio ao Aqueduto da Carioca", em que ela se faz de cicerone e passeia com o turista pela cidade do Rio de Janeiro.
1856 — Em 31 de março, O Brasil Ilustrado publicava "O Pranto Filial", onde a escritora expõe a dor pela perda da mãe e o sentimento de orfandade que a consumia. Também neste ano foi publicado um livro de versos: Pensamentos. Em 10 de abril, Nísia Floresta iniciava a segunda viagem rumo à Europa, acompanhada apenas por Lívia pois Augusto Américo permaneceu no Rio de Janeiro, estudando. Somente após dezesseis anos ela tornará a ver a paisagem carioca e seus parentes. O Colégio Augusto fecha definitivamente suas portas neste ano. A escritora recebe em sua residência o filósofo Auguste Comte, e também é deste ano a correspondência trocada entre eles, num total de catorze cartas.
1857 — Em 5 de setembro morria Auguste Comte. Nísia Floresta foi uma das quatro mulheres que acompanhou o cortejo fúnebre ao Père Lachaise. É publicado em Paris Itinéraire d'un voyage en Allemagne. O livro, sob a forma de cartas dirigidas ao filho e aos irmãos, contém as impressões da autora sobre as cidades alemãs. A primeira carta é de Bruxelas, de 26 de agosto de 1856 e, a última, de Estrasburgo, de 30 de setembro do mesmo ano.
1858 — Primeira edição de Consigli a mia figlia, traduzida para o italiano pela própria autora. A publicação se dá em Florença e os quarenta pensamentos em verso da edição brasileira apareceram em prosa.
1859 — A Associação da Propaganda de Valença imprimiu a segunda edição italiana do Consigli a mia figlia, que havia sido recomendado pelo Bispo de Mandovi para uso nas escolas católicas de Piemonte. Ainda neste ano, sai a edição francesa de Conseils à ma fille, em Florença, traduzido por Braye Debuysé; e, também em Florença, vem a público Scintille d' un' anima brasiliana, que reúne cinco ensaios: "Il Brasile", "L'abisso sotto i fiori della civilità", "La donna", "Viaggio magnetico", "Una passeggiata al giardino di Lussemburgo". Durante este ano e nos dois seguintes, a autora viaja através da Itália e da Grécia, residindo em diversas cidades.
1860 — Uma edição italiana de Le lagrime de un Caeté, traduzido por Ettore Marcucci, com um prefácio muito elogioso à autora, surge em Florença.
1864 — Publicação do primeiro volume de Trois ans en Italie, suivis d'un voyage en Grèce, em Paris. Nesse livro, Nísia Floresta debate os problemas políticos e sociais italianos e reflete sobre a escravidão, a história e as manifestações culturais da Itália.
1867 — É publicada em Londres a tradução inglesa de um dos ensaios de Scintille: "La donna". Trata-se de Woman, por F. Brasileira Augusta, traduzido do italiano por Lívia A. de Faria, filha da escritora. Também é publicado em Paris o romance Parsis, que, apesar de constar entre os títulos de Nísia, não é conhecido nenhum exemplar desse livro.
1871 — É publicado Le Brésil, em Paris, também traduzido por Lívia Augusta.
1872 — Publicação do segundo volume de Trois ans en Italie, suivis d'un voyage en Grèce, em Paris. Após dezesseis anos no exterior, em 31 de maio, Nísia desembarca no Rio de Janeiro. Também nesta ocasião ela vai aproveitar para vender suas terras.
1875 — Em 24 de março, Nísia Floresta retorna à Europa. O primeiro destino foi a Inglaterra, onde a filha a aguarda, e, após alguns meses, seguiu para Lisboa.
1878 — Publicação de Fragments d'un ouvrage inèdit - notes biographiques, em Paris. Apesar de conter principalmente informações a respeito do irmão, Joaquim Pinto Brasil, este livro traz também dados biográficos da autora, até então desconhecidos. Nísia transferiu sua residência para Rouen e, em seguida, para Bonsecours, interior da França.
1885 — Em 24 de abril, às nove horas da noite, Nísia Floresta Brasileira Augusta morria vitimada por uma pneumonia. Dias depois, era enterrada num jazigo perpétuo no Cemitério de Bonsecours.
1954 — Em 12 de setembro, os restos mortais da escritora foram trasladados para o Rio Grande do Norte, e enterrados em Papari que, aliás, já se chamava Nísia Floresta. Seu mausoléu foi construído próximo do local da antiga residência do Sítio Floresta.
Cartas de Nísia Floresta e Augusto Comte | Auguste Comte | Sumário |
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