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domingo, 13 de dezembro de 2009

sábado, 5 de dezembro de 2009

Amistad


Existen personas en nuestras vidas que nos hacen felices
por la simple casualidad de haberse cruzado en nuestro camino.
Algunas recorren el camino a nuestro lado, viendo muchas lunas pasar,
mas otras apenas vemos entre un paso y otro.
A todas las llamamos amigos y hay muchas clases de ellos.

Tal vez cada hoja de un árbol caracteriza uno de nuestros amigos.
El primero que nace del brote es nuestro amigo papá y nuestra amiga mamá,
que nos muestra lo que es la vida.
Después vienen los amigos hermanos,
con quienes dividimos nuestro espacio para que puedan florecer como nosotros.
Pasamos a conocer a toda la familia de hojas a quienes respetamos y deseamos el bien.

Mas el destino nos presenta a otros amigos,
los cuales no sabíamos que irían a cruzarse en nuestro camino.
A muchos de ellos los denominamos amigos del alma, de corazón.
Son sinceros, son verdaderos.
Saben cuando no estamos bien, saben lo que nos hace feliz.

Y a veces uno de esos amigos del alma estalla en nuestro corazón
y entonces es llamado un amigo enamorado.
Ese da brillo a nuestros ojos, música a nuestros labios, saltos a nuestros pies.
Mas también hay de aquellos amigos por un tiempo,
tal vez unas vacaciones o unos días o unas horas.
Ellos acostumbran a colocar muchas sonrisas en nuestro rostro,
durante el tiempo que estamos cerca.

Hablando de cerca, no podemos olvidar a amigos distantes,
aquellos que están en la punta de las ramas
y que cuando el viento sopla siempre aparecen entre una hoja y otra.
El tiempo pasa, el verano se va, el otoño se aproxima y perdemos algunas de nuestras hojas,
algunas nacen en otro verano y otras permanecen por muchas estaciones.
Pero lo que nos deja más felices es que las que cayeron continúan cerca,
alimentando nuestra raíz con alegría.
Son recuerdos de momentos maravillosos de cuando se cruzaron en nuestro camino.

Te deseo, hoja de mi árbol, paz, amor, salud, suerte y prosperidad.
Simplemente porque cada persona que pasa en nuestra vida es única.
Siempre deja un poco de sí y se lleva un poco de nosotros.

Habrá los que se llevarán mucho,
pero no habrán de los que no nos dejarán nada.
Esta es la mayor responsabilidad de nuestra vida
y la prueba evidente de que dos almas no se encuentran por casualidad.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

AS PALAVRAS SEGUNDO CORTAZAR


EU CREIO QUE DESDE MUITO PEQUENO MINHA DESDITA OU MINHA SORTE AO MESMO TEMPO FOI O NÃO ACEITAR AS COISAS COMO DADAS. A MIM NÃO ME BASTAVA COMO QUE ME DISSERAM QUE ISSO ERA UMA "MESA" E QUE A PALAVRA "MÃE" E AÍ SE ACABA
TUDO.
AO CONTRÁRIO, NO OBJETO MESA E NA PALAVRA MÃE COMEÇAVA PARA MIM UM ITINERÁRIO MISTERIOSO QUE ÀS VEZES CHEGAVA FRANQUEAR E QUE ÀS VEZES ME QUE QUEBRAVA.
EM SUMA, DESDE PEQUENO, MINHA RELAÇÃO COM AS PALAVRAS, COM A ESCRITA, NÃO SE DIFERENCIA COM O MUNDO EM GERAL.
EU PAREÇO HAVER NASCIDO PARA NÃO ACEITAR AS COISAS COMO SÃO DADAS

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Palavra EnCantada



IMPERDÍVEL, UM DOCUMENTÁRIO SOBRE A PALAVRA

COM OS MESTRES DA PALAVRA ENCANTADA: CHICO,
BETÂNIA, NOEL ROSA, ISMAEL SILVA,JOSÉ CELSO MARTINEZ
ENTRE OUTROS.
PARA VER, OUVIR E ENCANTAR-SE

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

OS CACOS DA VIDA

OS CACOS DA VIDA COLADOS FORMAM UMA ESTRANHA XÍCARA SEM USO

ELA NOS ESPIA DO APARADOR

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 28 de novembro de 2009

Sócrates e os Livros

Meus Sócrates não deixariam os livros queimando, mas a astrologia exige o processo "psicológico" que a Filosofia frequentemente rejeitara depois dele, permeando com escalas macrocósmicas os acontecimentos humanos e inclusive codificadores das subjetividades, portanto altamente suspeitos mundo a fora. Emma Costet de Mascheville parece inverter enfoques de uns recortes inteiros sobre esses campos (e tempos!!!!) que creio envolverem coisas e imagens de nosso interesse pensar-ante (de médio prazo ou xantipense?), podes conferir neste sítio (em que voltei, coincidentemente, a participar de um certo campo de estudo [da leitura de narrativas visualmente veiculadas X ideologia logocêntrica + ideologias colonialistas]): http://quadrinhoscriticados.blogspot.com/2009/11/veja-agora-luz-e-sombra.html

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O Encanto dos Orixás


O encanto dos Orixás

Leonardo Boff *

Quando atinge grau elevado de complexidade, toda cultura encontra sua expressão artística, literária e espiritual. Mas ao criar uma religião a partir de uma experiência profunda do Mistério do mundo, ela alcança sua maturidade e aponta para valores universais. É o que representa a Umbanda, religião, nascida em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1908, bebendo das matrizes da mais genuína brasilidade, feita de europeus, de africanos e de indígenas. Num contexto de desamparo social, com milhares de pessoas desenraizadas, vindas da selva e dos grotões do Brasil profundo, desempregadas, doentes pela insalubridade notória do Rio nos inícios do século XX, irrompeu uma fortíssima experiência espiritual.
 
O interiorano Zélio Moraes atesta a comunicação da Divindade sob a figura do Caboclo das Sete Encruzilhadas da tradição indígena e do Preto Velho da dos escravos. Essa revelação tem como destinatários primordiais os humildes e destituídos de todo apoio material e espiritual. Ela quer reforçar neles a percepção da profunda igualdade entre todos, homens e mulheres, se propõe potenciar a caridade e o amor fraterno, mitigar as injustiças, consolar os aflitos e reintegrar o ser humano na natureza sob a égide do Evangelho e da figura sagrada do Divino Mestre Jesus.
O nome Umbanda é carregado de significação. É composto de OM (o som originário do universo nas tradições orientais) e de BANDHA (movimento incessante da força divina). Sincretiza de forma criativa elementos das várias tradições religiosas de nosso país criando um sistema coerente. Privilegia as tradições do Candomblé da Bahia por serem as mais populares e próximas aos seres humanos em suas necessidades. Mas não as considera como entidades, apenas como forças ou espíritos puros que através dos Guias espirituais se acercam das pessoas para ajudá-las. Os Orixás, a Mata Virgem, o Rompe Mato, o Sete Flechas, a Cachoeira, a Jurema e os Caboclos representam facetas arquetípicas da Divindade. Elas não multiplicam Deus num falso panteísmo, mas concretizam, sob os mais diversos nomes, o único e mesmo Deus. Este se sacramentaliza nos elementos da natureza como nas montanhas, nas cachoeiras, nas matas, no mar, no fogo e nas tempestades. Ao confrontar-se com estas realidades, o fiel entra em comunhão com Deus.
A Umbanda é uma religião profundamente ecológica. Devolve ao ser humano o sentido da reverência face às energias cósmicas. Renuncia aos sacrifícios de animais para restringir-se somente às flores e à luz, realidades sutis e espirituais.
Há um diplomata brasileiro, Flávio Perri, que serviu em embaixadas importantes como Paris, Roma, Genebra e Nova York que se deixou encantar pela religião da Umbanda. Com recursos das ciências comparadas das religiões e dos vários métodos hermenêuticos elaborou perspicazes reflexões que levam exatamente este título O Encanto dos Orixás, desvendando-nos a riqueza espiritual da Umbanda. Permeia seu trabalho com poemas próprios de fina percepção espiritual. Ele se inscreve no gênero dos poetas-pensadores e místicos como Álvaro Campos (Fernando Pessoa), Murilo Mendes, T. S. Elliot e o sufi Rumi. Mesmo sob o encanto, seu estilo é contido, sem qualquer exaltação, pois é esse rigor que a natureza do espiritual exige.
Além disso, ajuda a desmontar preconceitos que cercam a Umbanda, por causa de suas origens nos pobres da cultura popular, espontaneamente sincréticos. Que eles tenham produzido significativa espiritualidade e criado uma religião cujos meios de expressão são puros e singelos revela quão profunda e rica é a cultura desses humilhados e ofendidos, nossos irmãos e irmãs. Como se dizia nos primórdios do Cristianismo que, em sua origem também era uma religião de escravos e de marginalizados, "os pobres são nossos mestres, os humildes, nossos doutores".
Talvez algum leitor/a estranhe que um teólogo como eu diga tudo isso que escrevi. Apenas respondo: um teólogo que não consegue ver Deus para além dos limites de sua religião ou igreja não é um bom teólogo. É antes um erudito de doutrinas. Perde a ocasião de se encontrar com Deus que se comunica por outros caminhos e que fala por diferentes mensageiros, seus verdadeiros anjos. Deus desborda de nossas cabeças e dogmas.
 
[Autor de Meditação da Luz. O caminho da simplicidade. Vozes 2009].

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

IRMANDADE


Irmandade
Homenagem a Claudio Ptolomeo

Sou homem: duro pouco
E é enorme a noite.
Mas olho para cima:
As estrelas escrevem.
Sem entender, compreendo:
Também fui escrito
E neste mesmo instante
Alguém me soletra.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

NADA É MAIS MARAVILHOSO DO QUE O HOMEM

Coro: Entre tantas coisas maravilhosas,
Nada é mais maravilhoso do que o homem.
Sob o vento sueste, ao sabor dos abismos
E ao sabor das ondas,
Ei-lo a cruzar os mares espumantes.
É ele que vemos, ano após ano, tomar do arado
E com cavalo e mula sulcar a soberana Terra, mãe dos deuses,
imortal e inesgotável.

Sófocles, Antígona, versos 332-341

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

DIA DO PROFESSOR E A MENSAGEM DO ELTON

MENSAGENS COMO A DO ELTON É MUITO MAIS QUE UMA HOMENAGEM, É UM INCENTIVO PARA CONTINUAR A JORNADA.
Obrigado por fazerem do aprendizado não um trabalho, mas um contentamento.
Por fazerem com que nos sentíssemos pessoas de valor; por nos ajudarem a descobrir o que fazer de melhor e, assim, fazê-lo cada vez melhor. Obrigado por afastarem o medo das coisas que pudéssemos não compreender; levando-nos, por fim, a compreendê-las...Por resolverem o que achávamos complicados... Por serem pessoas dignas de nossa total confiança e a quem podemos recorrer quando a vida se mostrar difícil...Obrigado por nos convencerem de que éramos melhores do que suspeitávamos.

Feliz dia do Professor

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

CONVITE CAFÉ FILOSÓFICO, SÁBADO, 26/09, LIVRARIA NOVA ROMA


Em qua, 16/9/09, Claiton Prinzo escreveu:

Prezados : A Rede Metodista do Sul em parceira com a Livraria Nova Roma tem o orgulho de convidar você para o nosso próximo café Filosófico que ocorrera sábado : Dia 26/09 as 15:00 ÁS 17:00 hs com o tema : FILOSOFAR NA CIDADE Professora : Ivone Bengochea e Grupo Pensare
Local : Livrária Nova Roma Rua Gen. Câmara 394 , centro Rua da Ladeira Certificado válido para horas complementares !! Apareça e divulge !!!!!!!!!!!
Att,

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Os Hermanos - Mafalda já é estátua


FRASES DE MAFALDA

No será acaso que ésta vida moderna está teniendo más de moderna que de vida?"
"Tenemos hombres de principios, lástima que nunca los dejen pasar del principio."
"¿Y no será que en este mundo hay cada vez más gente y menos personas?"
"¿Y si en vez de planear tanto voláramos un poco más alto?"
"¿No sería mas progresista preguntar donde vamos a seguir, en vez de dónde vamos a parar?"
"No es cierto que todo tiempo pasado fue mejor. Lo que pasaba era que los que estaban peor todavía no se habían dado cuenta."
"¿Por dónde hay que empujar este país para llevarlo adelante?"
"En éste mundo cada quién tiene su pequeña o gran preocupación."
"¡Sonamos muchachos! ¡Resulta que si uno no se apura a cambiar el mundo, después es el mundo el que lo cambia a uno!"
- "Y, claro, el drama de ser presidente es que si uno se pone a resolver los problemas de estado no le queda tiempo para gobernar"
"Más que planeta, éste es un inmenso conventillo espacial".
"A medio mundo le gustan los perros; y hasta el día de hoy nadie saber qué quiere decir guau."
"Lo malo de los reportajes es que uno tiene que contestarle en el momento a un periodista todo lo que no supo contestarse a sí mismo en toda la vida... Y encima pretenden que uno quede como inteligente..."
"Todos creemos en el país, lo que no se sabe es si a esta altura el país cree en nosotros"
"Dicen que el hombre es un animal de costumbres, más bien de costumbre el hombre es un animal."
"Como siempre: lo urgente no deja tiempo para lo Importante."
"En todas partes del mundo ha funcionado siempre muy bien la ley de las compensaciones, al que sube la voz, le bajan la caña..."
"Las situaciones embarazosas... ¿Las trae la cigüeña?..."
"Hoy entré al mundo por la puerta trasera".

terça-feira, 25 de agosto de 2009

CONSEJOS

Consejos


Este amor quer ser
acaso logo será
Mas quando há de voltar
o que acaba de passar?
Hoje resta muito de ontem!
Ontem é nunca jamais

Moeda que está na mão
Talvez se deva guardar;
Moedinha da alma
Perde-se se não se dá
Cancioneiro popular

sábado, 22 de agosto de 2009

Empédocles na antiguidade grega


Empédocles
Visto na antiguidade como profeta e mago, Empédocles também foi político, orador e poeta. Diz a lenda que encerrou sua brilhante carreira atirando-se na cratera do vulcão Etna, para dar aos seguidores uma demonstração convincente de divindade.
Empédocles nasceu em Agrigento, Sicília, então parte da Magna Grécia, por volta de 490 a.C. Continuador da tradição dos jônicos, desenvolveu uma interpretação do universo em que todos os fenômenos da natureza eram entendidos como resultado da mistura de quatro elementos: água, fogo, ar e terra. Esses princípios, também chamados "raízes", seriam eternamente subsistentes, jamais engendrados, e de sua união ou separação nasceriam e pereceriam todas as coisas. Os quatro elementos se uniriam sob a força do amor e se separariam sob o influxo do ódio. Os mananciais e os vulcões seriam provas da existência de água e fogo no interior da Terra.
Segundo Empédocles, no poema Katharmoi (As purificações), do qual resta somente uma centena de versos, a intervenção do ódio está na origem de todas as coisas e dos seres individuais, que se vão diversificando até a separação total e o domínio absoluto do mal. Entretanto, o princípio do amor voltará a triunfar, unificando e misturando tudo até a configuração de uma só coisa, Sphairos, a esfera perfeita, na qual o mundo presente tem princípio e fim. No mundo atual há seres individuais e, portanto, ódio e injustiça, o que exige um processo de purificação que só terminará quando o amor triunfar. Mas esse triunfo é ainda relativo: a evolução dos mundos é um processo no qual se manifesta um domínio alternado do amor e do ódio, do bem e do mal. Apesar da lenda, supõe-se que a morte de Empédocles tenha ocorrido no Peloponeso, Grécia, por volta de 430 a.C.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

O Universo como teia de relações

O universo é constituído por uma imensa teia de relações de tal forma que cada um vive pelo outro, para o outro e com o outro; o ser humano é um nó de relações voltado para todas as direções; e para a própria Divindade se revela como uma Realidade de plena comunhão e amor.

Se tudo é relação e nada existe fora da relação, então a lei mais universal é a sinergia, a colaboração, a solidariedade, a comunhão e a irmandade universal


Ensinar e aprender na Paideia Grega

"A educação, para Aristóteles, é um caminho para a vida pública", Cabe à educação a formação do caráter do aluno. Perseguir a virtude significaria, em todas as atitudes, buscar o "justo meio". A prudência e a sensatez se encontrariam no meio-termo, ou medida justa – "o que não é demais nem muito pouco", nas palavras do filósofo. Um dos fundamentos do pensamento aristotélico é que todas as coisas têm uma finalidade. É isso que, segundo o filósofo, leva todos os seres vivos a se desenvolver de um estado de imperfeição (semente ou embrião) a outro de perfeição (correspondente ao estágio de maturidade e reprodução). Nem todos os seres conseguem ou têm oportunidade de cumprir o ciclo em sua plenitude, porém. Por ter potencialidades múltiplas, o ser humano só será feliz e dará sua melhor contribuição ao mundo se desfrutar das condições necessárias para desenvolver o talento. A organização social e política, em geral, e a educação, em particular, têm a responsabilidade de fornecer essas condições.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Mário de Andrade

QUANDO SINTO A IMPULSÃO LÍRICA,
ESCREVO SEM PENSAR, TUDO O QUE
O MEU INCONSCIENTE ME GRITA. PENSO
DEPOIS: NÃO SÓ PARA CORRIGIR, MAS
PARA JUSTIFICAR O QUE ESCREVI.


Mário de Andrade

O fluir das águas


AS NOSSAS CATARATAS
ESTÃO EM CONSTANTE
'
MOVIMENTO.
UM BORBOLETA IMÓVEL
CONTEMPLA A MAGIA DA NATUREZA
E O HOMEM O QUE FAZ PARA
PRESERVÁ-LA?

Palavras libertam e aprisionam

UM PRISIONEIRO ACABA SEMPRE SENDO
PRISIONEIRO DAS PALAVRAS DE ALGUÉM.

Ariel Dorfman

quinta-feira, 23 de julho de 2009

AS CIDADES


"AS CIDADES TÊM A TENDÊNCIA DE ESCONDER
O MUNDO NATURAL SOB OS SEUS ARTEFATOS.
SOTERRAMOS E ENCOBRIMOSOS RIOS COM AVENIDAS,
O ASFALTO DISSIMULA A TERRA, VEDAM O SOL E AS
PROVÁVEIS MONTANHAS AO LONGE....
QUANDO A CONSTRUÇÃO DAS CIDADES TOMA CONTA DO
TODO O AMBIENTE, OS ARTEFATOS ARTIFICIALIZAM O
MUNDO."
Dulce Critelli

a avenida abre seus sonhos


A AVENIDA ABRE SEU SONHO

CHEIA DE MULHERES PÁLIDAS....

OS VENTOS ESTÃO BRINCANDO

COM AS SEDAS PERFUMADAS.


Juan Ramon Jimenez

terça-feira, 14 de julho de 2009

Pensar Colorido - arte de Romarina em Portugal


Um pensamento
A sede de conhecer ainda não está morta, mas se lhes oferecer uma rica gama de actividades experimentais, cuidadosamente escolhidas por educadores competentes, pode-se-lhes fazer dar passos gigantes quando ainda se é pequeno.
Com carinho
Romarina Passos

ROMARINA PASSOS
é gaúcha, professora alfabetizadora deixou sua marca indelével no coração e nas mentes dos alunos que tiveram o privilégio de conviver com ela. Militou no movimento de professores do final dos anos 70 e meados de 80. Hoje, mora em Portugal onde desenvolve projetos de arte com crianças e seus quadros estão expostos em várias cidades européias.

domingo, 5 de julho de 2009

PENSAR O COTIDIANO


A vida cotidiana é a vida do homem por inteiro, ou seja o homem participa na vida cotidiana com todos seus aspectos de sua individualidade e de sua personalidade.
Agnes Heller

Coração mistura amores, tudo cabe – João Guimares Rosa, Grande Sertão Veredas

Venho vindo de velhas alegrias. Grande Sertão Veredas

TODOS JUNTOS SOMOS FORTES


Todos juntos somos fortes
Somos flechas e somos arcos
Todos nós no mesmo barco
Não há nada pra temer

Chico Buarque

terça-feira, 16 de junho de 2009

Homem - a metáfora de si próprio

O HOMEM É UM SER QUE SE CRIOU A SI PRÓPRIO AO CRIAR UMA LINGUAGEM. PELA PALAVRA O HOMEM É
UMA METÁFORA DE SI PRÓPRIO.

OCTÁVIO PAZ

domingo, 31 de maio de 2009

A EDUCAÇÃO GAÚCHA EM MEIO AOS BURACOS


Neste dia frio e chuvoso de outono, nossos olhos vislumbram não só as imagens e o multicolorido de capas, cachecóis, casacos e abrigos para enfrentar as intempéries. Tudo mesclado com o frenesi da Copa de 2014, na capital.
Vamos folheando as páginas dos jornais e nos defrontamos com o drama dos meninos e meninas de uniforme azul, tendo aula em meio aos buracos.
São 1268 estudantes, da uma escola estadual gaúcha.
A reportagem da Zero Hora de 30 de maio relata:
O atraso em reformas na Escola Estadual de Ensino Médio Carlos Lorea Pinto, em Rio Grande, coloca alunos e professores em risco durante as aulas. O piso de seis salas está comprometido com tábuas soltas e podres. Além disso, o forro ameaça desabar. Um professor e alunos já se machucaram em episódios em que o chão cedeu
Rio Grande é uma linda cidade, próspera, banhada pelo oceano, único porto de mar do Estado, por onde circulam os produtos da economia mundial. Mas, os alunos e os professores da escola Carlos Loréa Pinto não são partícipes dos resultados econômicos, apenas estão na mira do projeto político da Secretaria de Educação gaúcha que prevê corte de despesas, turmas enturmadas, promoções por produtividade, entre outras inovações.
Para a representante da Secretaria, em Rio Grande, Faraildes Ávila, tudo se resume em atraso nas licitações e ajustes com as empresas contratadas, os buracos são detalhes passageiros. Bom lembrar que a professora Faraildes também foi líder sindical, representante da cidade junto ao CPERS.
Para a menina Natalia, de 13 anos, resta o medo de se machucar. Para o professor de História, a perna fraturada. Entre os ajustes financeiros, a demora, a biblioteca fechada a ausência dos conteúdos históricos e o medo restam os buracos da educação. Pequenos detalhes que a foto nos mostra como um travo nas consciências e que não permite calar. E que a injustiça não se perca entre as cinzas do esquecimento. Por isso nos valemos dos versos de Mario Benedetti .
cantamos porque chove sobre o sulco
e somos militantes desta vida
e porque não podemos nem queremos
deixar que a canção se torne cinzas.




segunda-feira, 25 de maio de 2009

VERSIFICANDO COM PATATIVA DE ASSARÉ

Veja trailer de Versificando e Patativa do Assaré - Ave Poesia

Patativa do Assaré (1909-2002) foi poeta e cantador, teve importantes poemas musicados: A Triste Partida na voz de Luiz Gonzaga (1912-1989) - e Vaca Estrela e Boi Fubá, propagado por Fagner, clássicos sobre a situação dos nordestinos vitimados pela da seca e a triste trajetória dos retirantes.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

SI DIOS FUERA MUJER

¿Y si Dios fuera mujer?
pregunta Juan sin inmutarse,
vaya, vaya si Dios fuera mujer
es posible que agnósticos y ateos
no dijéramos no con la cabeza
y dijéramos sí con las entrañas.
Tal vez nos acercáramos a su divina desnudez
para besar sus pies no de bronce,
su pubis no de piedra,
sus pechos no de mármol,
sus labios no de yeso.
Si Dios fuera mujer la abrazaríamos
para arrancarla de su lontananza
y no habría que jurar
hasta que la muerte nos separe
ya que sería inmortal por antonomasia
y en vez de transmitirnos SIDA o pánico
nos contagiaría su inmortalidad.
Si Dios fuera mujer no se instalaría
lejana en el reino de los cielos,
sino que nos aguardaría en el zaguán del infierno,
con sus brazos no cerrados,
su rosa no de plástico
y su amor no de ángeles.
Ay Dios mío, Dios mío
si hasta siempre y desde siempre
fueras una mujer
qué lindo escándalo sería,
qué venturosa, espléndida, imposible,
prodigiosa blasfemia.

domingo, 17 de maio de 2009

Mario Benedetti- porque cantamos

Mário Benedetti nos deixa, hoje, em sua homenagem continuamos cantando.

PORQUE CANTAMOS poema deMario Benedetti

Se cada hora vem com sua morte

se o tempo é um covil de ladrões
os ares já não são tão bons ares
e a vida é nada mais que um alvo móvel
você perguntará por que cantamos
se nossos bravos ficam sem abraço
a pátria está morrendo de tristeza
e o coração do homem se fez cacos
antes mesmo de explodir a vergonha
você perguntará por que cantamos
se estamos longe como um horizonte
se lá ficaram as árvores e céus
e cada noite é sempre alguma ausência
e cada despertar um desencontro
você perguntará por que cantamos
cantamos porque o rio esta soando
e quando soa o rio soao rio
cantamos porque o cruel não tem nome
embora tenha nome seu destino
cantamos pela infância
e porque tudo e porque algum futuro
e porque o povo
cantamos porque os sobreviventes
e nossos mortos querem que cantemos
cantamos porque o grito só não basta
e já não basta o pranto nem a raiva
cantamos porque cremos nessa gente
e porque venceremos a derrota
cantamos porque o sol nos reconhecee
porque o campo cheira a primavera
e porque nesse talo e lá no fruto
cada pergunta tem a sua resposta
cantamos porque chove sobre o sulco
e somos militantes desta vida
e porque não podemos nem queremos
deixar que a canção se torne cinzas.

Recordar através da música

http://www.almacarioca.com.br/arte.htm

quinta-feira, 14 de maio de 2009

EU DEVERIA SER.....

Eu poderia ser uma adolescente normal se não tivesse uma família formada por 11 pessoas.
Eu deveria ter sido uma criança normal se não fossem as responsabilidades que eu cumpria.
Eu deveria gostar do que faço se não fosse obrigada a fazer.
Eu deveria freqüentar ambientes de lazer se não tivesse que trabalhar.
Eu deveria reclamar quando dizem algo que não gosto, se não tivesse inspiração para descrever cada situação.
Eu poderia reivindicar quando sou julgada injustamente, mas calo-me e a humildade prevalece.
Eu deveria ter uma péssima impressão da vida se não fosse a paixão que tenho pela arte de viver.
Valéria, 16 anos, Manari, sertão de Pernambuco.

terça-feira, 12 de maio de 2009

A Moça Tecelã

A Moça Tecelã.
Por Marina Colassanti

Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.
Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.
Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.
Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranqüila.
Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.
Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponto dos sapatos, quando bateram à porta.Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando
em sua vida.
Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.
E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia
lhe dar.— Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.— Para que ter casa, se podemos ter palácio? — perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.
Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.— É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.
Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela.
A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura,acordou, e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.
Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.


Texto extraído do livro “Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento”, Global Editora , Rio de Janeiro, 2000

segunda-feira, 4 de maio de 2009

O Chocolatão é aqui, bem atrás dos suntuosos prédios públicos federais


O desigual está ao alcance dos olhos dispostos a ver, os suntosos prédios públicos federais que ofuscam a nossa vista para o Gauiba e, logo ali, minúsculos casebres a céu aberto.
É uma parcela do cotidiano da Vila do Chocolatão, em Porto Alegre, sob as lentes atentas do fotógrafo.
Walter Benjamim diz que "a natureza vista pelos olhos difere da natureza vista pela câmara". O filósofo tem razão quanto ao ponto de vista da câmara e dos olhos, mas uma coincidência os aproxima: a realidade cruel. Os moradores da vila são famílias composta de homens, mulheres, crianças que catam os nossos lixos, as nossas sobras do consumo diário. Os prédios suntuosos são espacos ocupados por altos funcionários do Erário Público. Urge um questionamento poético à maneira de Fernando Pessoa.
Entre a câmara e o olhar está a vida?
Cabe uma pergunta para a foto de Luiz Abreu: para que lado vai o rio?

quarta-feira, 22 de abril de 2009

O ESCRITOS PRECIOSOS DO SEMEADOR

O romance e o livro nos lares da imaginação e da pedagogia
– ou –
por falar em adivinhação

por Ethon Fonseca

O fabulador personifica as suas idéias dando forma e materializando às imagens de forças contrastantes, ao encenar evocativamente, correlações dinâmicas de suas energias afinadas com reflexões puxadas dos sinais dos tempos. As personas, ou máscaras, são as formas supostamente humanas pelas quais nos educávamos a perceber algumas das tais energias. E por mais que o antropomorfismo possa ser tomado como extemporâneo, as personificações poéticas são matéria das mais sérias com a qual convive o fabulador às voltas com os achados e perdidos do nosso imaginário. À medida em que encontram-se registros e bons modos de leitura nos rumos da almejada vida refletida, cenários, desenhos de estruturas, personalidades, símbolos, com horrores de humor e inteligências se entrelaçam num encordoamento literário freqüentemente identificado com o romance e mais especificamente com o livro. A corda narrativa atravessa intertextualmente peças de entretenimento, montagens culturais, geradoras de imagens, discursos mais literais, trabalhos artísticos e relações cotidianas de tal forma que – pensando nos sentidos do “se contar”, com a razão, num entendimento de ponderação crítica, diabolicamente criativo ou prudentemente contemplativo – não parece exagero dizer que somos não apenas atravessados por, mas constituídos de, narratividade: por narrativas que dão sentidos e que nos habitam, que povoamos com as preciosas fantasmagorias do nosso imaginário, que carregamos e trocamos, distribuindo e elaborando, compondo e configurando, tentando devolver ao lugar da arte a inquietação que nos contagia.

Mas que locus seria este? O do livro, até hoje? Sócrates já questionava a primazia deste grande mestre incapaz de responder às suas perguntas. No entanto o livro, reinventado pelo cristianismo de São Jerônimo, configura dos nossos mitos formativos mais caros, sim, cultuados e celebrados com datas especiais e eventos talvez ainda mais especiais. O objeto, que Caetano qualificou brilhantemente de transcendente, transborda a informação rasteira ou pedestre tocando às compreensões e às imagens mentais de interpretação ou mesmo oração, abrangendo o que se mostra muito bonito ou até mesmo de utilidades nos caminhos da busca pela realização dos maiores objetivos neste mundão de Deus sem porteiras: que podem ser momentos de fases da vida, diálogos, encontros, composições, registros históricos, ou o que mais for portal, artigo ou mesmo comercial, ou passagem que se some e incorpore às veredas desta consciência, que não me pertence mas é tudo o que possuo e posso almejar.

Agora a moda é estudar culturalmente as relações que se constituem ao redor das práticas de leitura, que lhe conferem sentido e importância, também ao longo da História, talvez até para lidar com as mudanças da contemporaneidade. Só quero ressaltar, ao empregar a expressão “passagens” tão utilizada em filosofia para falar de urbanidade em transformação, que se encurtamos os tempos de viagens no espaço, as relações leitoras configuram o exato inverso, em que dilatamos, ao longo de toda a vida, o tempo de apreciação das proposições e dos argumentos desenvolvidos nas obras clássicas da literatura universal, bem como nos projetos de educação operam-se, com mensagens tênues e sofisticadas, ao longo dos processos históricos, para a configuração de relações “edificantes”, e conseqüentemente consistentes em escalas transcendentes destes nossos tempos que parecem sempre estar “urgindo”.

Assim posso passar à segunda pista nesta busca, pelos bons modos em que temos, a essas alturas de vida, de confiar, por um lugar para os desenvolvimentos autorais do próprio imaginário, que é coletivo e mitológico: a ação educativa. Ela é necessariamente qualificada em termos de interesses ou objetivos e de articulações, ao passo que poéticas literárias, como as do cancioneiro, apontam caminhos de processos pensantes não raro ainda mais personalizados e rebuscados do que se costumaria acusar, envolvendo artes eventualmente mais próximas às artes adivinhatórias. E houve época em que toda a cidade passava por um mesmo local para os exercícios da arte adivinhatória, naquele templo em cuja entrada se lia a inscrição “Conhece-te a ti mesmo”, o famoso templo de Delfos. Hoje essa dinâmica é inviável, até porque ninguém ficou nessas saudades, mas a noção de adivinhação está tão impregnada em idéias de sabedoria até hoje em vigor que bem pode servir para uma ou duas ilustrações a respeito do mistério artístico escrito. Como professor, por exemplo, sou obrigado a adivinhar no frentista do posto de gasolina o pai de alunado. Podemos considerar as relações econômicas, de classe, nas estruturas políticas, históricas, mas a complexidade da informação presencial é tamanha que veda maiores prescrições de ordem moral, tratando-se do que se pode considerar não apenas como um julgamento subjetivo ou “adivinhatório”, mas sem dúvida também especulativo e com potencialidades estéticas – de valoração da própria sensacionalidade que se costumava chamar de gosto ou de gostar. Assim o artista persegue intuições, no bojo de suas tão bem conhecidas relações de valoração dos pensamentos, lança proposições, elaborando os jogos de uma revelação e invenção do humano. Como artista é possível que ele também se veja moralmente obrigado a fazer algum tipo de arte adivinhatória, nem que seja a de vislumbrar nas personagens as viabilidades expressivas que ele trata de compor. O exemplo que eu dei pode não ser muito plausível, mas isso pouco importa, porque em compensação ele é bem real. Já as ilustrações literárias tampouco se comprometem com a propriedade convincente da plausibilidade, por operarem num registro de idéias tomadas como viáveis enquanto notas mentais de uma composição, registro de verossimilhança. Nesta jornada aos próprios mistérios talvez não possamos ajudar se não prestigiando os trabalhos, eventualmente incluindo razões bem suas de serem notabilizados. Mas talvez possamos ir ainda mais adiante, no educandário, e considerar as modernas tecnologias da escrituração e da comunicação enquanto inspiradoras de condições que demandem novos trabalhos dignos do nome de romance, novos jogos, enredos e até mesmo festejos.

Me proponho basicamente a levantar a questão. Não cometo a insanidade em tentar respondê-la. Nem digo que o livro tenha dias contados, ou que não se compita com outros veículos ao adotar esse ou aquele nosso modelo no desenvolvimento da própria linguagem. Só fico imaginando como “o poeta ativo e fecundo” (para aproveitar a expressão do Baudelaire das passagens entre a multidão e a solidão) lidaria hoje com suas personagens, e como povoam de fato seu cotidiano com suas expressões e impressões, seus ensaios e poderes, suas peças e máscaras.

Brinde à Cervantes, Shakespeare, Baudelaire, Guimarães Rosa, Alan Moore e Mário de Andrade

segunda-feira, 20 de abril de 2009

FLOR DE LARANJEIRA, MISTÉRIOS E DESEJOS
















São comuns folhetos promocionais colocados em profusão nas nossas caixas de correspondências. Uns recomendam a melhor pizza, a nova farmácia, lavanderia que leva a sua roupa suja e traz de volta limpinha, o profissional que conserta tudo e muitas vezes desconserta para ele mesmo consertar de novo. Como preconiza a livre iniciativa, nos moldes do velho Adam Smith, o mercado tem sua mão invisível, até para a felicidade bater à nossa porta. Isso acontece se você, ao ler atentamente as recomendações dos papeizinhos, consultar a vidente mais poderosa do bairro, que por alguns reais garante sucesso nos negócios e também traz de volta da pessoa amada em cinco dias. Nunca se pode garantir que a volta prometida seja um bom negócio, em todo o caso é preciso pagar e ver para crer.
Mas, a oferta que mais me tocou foi o folhetinho cor de rosa que fala dos benefícios da flor de laranjeira. Aquela florzinha mimosa promete limpar a mente, vencer o estresse do dia a dia, Ainda, segundo o folheto,” a flor de laranjeira é rica em oleolementos (palavrinha difícil) e vitamina C, desperta a autoconfiança e ativa erotismo. O banho com esta flor, dá uma gostosa sensação de frescor e descanso, a flor de Laranjeira também é adstringente e fecha os poros excessivamente dilatados ,tem efeito calmante, digestivo e diurético, ativa os processos mentais,comunicação e expressão.Ainda é expectorante e sedativa, apazigua os ânimos, dá calma e proporciona bem estar”.
Os vizinhos da minha rua e eu, especialmente, temos pés de laranjeiras ao nosso alcance. No meu caso, a laranjeira está em frente à minha janela, foi à presença dela decisiva na escolha da minha nova moradia. O tempo de floração aconteceu precocemente, devido ao desequilíbrio que os homens impingiram à natureza. Confesso que não socializei o milagre da propalada panacéia, como não se pode guardar para si todos os segredos, poucos amigos leram o folhetinho. A laranjeira da foto precisa ser guardada de todos os perigos, da insanidade dos transeuntes que insistem em jogar lixo aos seus pés. Na espera das próximas floradas ,da descoberta de novos efeitos auspiciosos, quantos desejos e promessas pairam no ar. O privilégio de contemplar o pé de laranjeira é quase exclusividade minha. O meu olhar nunca mais será o mesmo depois da descoberta, resta esperar as florzinhas brancas recomendadas no folheto cor de rosa!

domingo, 19 de abril de 2009

O SEMEADOR E AS SUAS SEMENTES


A palavra semear, no dicionário do Aurélio, significa deitar sementes a terra para para que germinem. O nosso Semeador é urbano. Para o ato ou efeito de semear usa o computador (o animalzinho inteligente) onde espalha as sementes das palavras.
O cenário é urbano, basta a área de um apartamento.
Seu nome é Ethon Fonseca, professor, tradutor, escritor, colega no PENSARE, e muitas outras habilidades. Às vezes temos calorosas discussões, afinal a sementeira não germina sem elas. Na maioria das vezes concordamos. Semeador é um amigão muito especial.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

SEM AULAS, SEM PISO, SEMPRE O MESMO ACERCA DO MESMO



Neste outono não são só as folhas que estão caindo e nem só o piso salarial dos professores neste nosso Estado do Rio Grande do Sul, nossas façanhas não cabem mais na sala de aula?Não queremos gracejar com trocadilhos infames, mas também é nossa obrigação fazer crônica das catástrofes anunciadas.Sem tetos perabulam pelas cidades, dormem nas ruas, nas praças, no piso duro das calçadas, parece uma cena banal. Sem aulas, escolas fechadas, turmas enturmadas, "façanhas que não devem de servir de modelo a toda a terra".
Mas, é a nossa terra o palco dos acontecimentos, abaixo do Mambituba existe pecado sim.Pasmem os nordestinos, os nortistas e todos os irmãos brasileiros! A governadora Yeda Crusius é professora de economia com uma carreira brilhante, a secretária da educação Mariza Abreu é professora de história, concursada pela Câmara dos Deputados, militante política, sindicalista, com passagens pelo CPERS- sindicato. São elas as idealizadoras e gestoras da política educacional do estado do Rio Grande do Sul.
As escolas recentemente fechadas, dentro da lógica utilitarista e saneadora do governo, já têm finalidade imediata - servirão de albergue para os presos que cumprem pena em regime aberto - utilidade nobre sim e necessária. A lógica da professora de economia é o saneamento das finanças.
Poupar tostão por tostão!
Ninguém pode acusar a professora de história de não se utilizar da dialética: presidios abertos e escolas fechadas podem ser a tese e antítese. A síntese, nem os deuses do Olimpo arriscariam prognóstico.
Sem falar nas escolas itinerantes do MST, fechadas, lacradas, perigosas.As crianças dos sem-terras que frequentavam as escolas itinerantes podem ser mais perigosas que as crianças dos sem-tetos que nem escolas tem? Para os sem terrinhas havia uma escola que os acompanhavam nos deslocamentos em busca da terra. Para os meninos dos sem-tetos há leito da rua, o crack, o loló enfim, a dura escola da crueldade que aponta para o itinerário dos presídios. Afinal, escola, presídio, piso, teto, terra, casas, educação, professores, alunos são temas banais nas veredas urbanas.
Tudo no mundo é "sempre o mesmo acerca do mesmo" como afirmou Sócrates quando questionado sobre o que dialogava com seus alunos . A foto da ZH de hoje, 15/04/2009, do fotógrafo Marcelo Oliveira, vale mais que mil palavras: uma escola em Cachoeirinha, na grande Porto Alegre, sem aula e sem piso. Nós filósofos somos muito chatos vivemos desvendar a banalidade do banal. Talvez por isso, a Filosofia e a Sociologia, mesmo sendo legalmente obrigatórias, não estejam sendo devidamente ensinadas nas escolas públicas gaúchas.

terça-feira, 14 de abril de 2009

O ESPAÇO DAS XANTIPAS

Os homens livres nascidos em Atenas podiam exercer a plenitude da cidadania. Na assembléia (eklesia) decidiam os destinos da pólis, espraiados na praça pública (agora) praticavam a retórica, julgavam, absolviam, condenavam, anistiavam, enfim: praticavam a justiça e a sabedoria.
Para os gregos, a justiça e a sabedoria é coisa somente de homens!O universo masculino grego não se restringia, apenas, à retórica dos discursos, ao livre acesso ao espaço público e as votações nas assembléias. Infinitos eram os , seus espaços, seus momentos de prazer: de boa mesa, de boa cama, de belos corposda fartura, do sexo entre os iguais.
O espaço público na pólis é o espaço dos homens.Entre os iguais está Sócrates, o filósofo, o mais sábio dos homens, o líder entre os jovens, o destemido crítico. Sócrates como se sabe, não tinha um belo corpo, mas entre os seus escolhidos estava Alcebíades, belo, extravagante, disputado, uma estátua viva zombando da beleza de Zeus. Sócrates e Alcebíades e os outros homens livres participavam do espaço público, dos prazeres do diálogo, da boa mesa e da boa cama.O giniceu, o aposento das mulheres, é o espaço privado. Lá estava Xantipa, mulher de Sócrates.
O historiador Xenofonte, em breve relato, descreveu-a como o estereotipo da ranzinza, da indócil, da megera de temperamento insuportável. No giniceu estão confinadas as mulheres de Atenas que vivem para os seus maridos e que não podem participar das assembléias, dos banquetes e dos jogos olímpicos.
Aos homens o espaço interno do oikos, a publicidade da vida; às mulheres o espaço interno, a privacidade da vida, a reclusão.

sábado, 11 de abril de 2009

AS ÁGUAS QUE NOS MOVEM


As águas da lagoa movem-se lentamente para lá e para cá como se fosse um jogo sincronizado daqueles operados pelos mecanismos de um computador.
Sem o grego Tales na distante Mileto, no século VI a.C. não entenderíamos a imprescindível e vital importância das águas. Também, sem os seus compatriotas seria impossível discutir as idéias que nos movem e o indizível movimento do mundo.
Há os que passam sem ver, há os que vêem e não percebem, há os que sugam a água da lagoa para irrigar os arrozais exportáveis e permutá-los na mais alta cotação do mercado mundial.Conta-se que Tales vivia distraído contemplando o céu apesar de ser um homem bom de cálculo já que calculou com precisão o eclipse que aconteceu séculos depois dele. Apesar disso, tropeçou numa pedra e foi motivo de risos pelos transeuntes. Os que riram dele viam as pedras e não as percebiam, pouco se importavam com as águas, com o movimento. Perceber é mais que ver. Perceber é aguçar os sentidos e percorrer o âmago da alma e os labirintos da razão.Foi Tales quem disse que tudo era úmido e, nós humanos somos tal e quais as águas da lagoa. Mas, como transeuntes vêem e não percebem que o úmido se esgota a cada dia, que o ar que respiramos está quase estático com o efeito estufa. Afinal, o que é que nos temos ver com isso e o para que esse Tales foi buscar o arché.
Dedico aos percebem o mundo e cuidam dele.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

domingo, 5 de abril de 2009

NUESTRA AMÉRICA - memórias que não podem ser esquecidas

http://unlugarenmismundos5.blogspot.com/

NUESTRA AMÉRICA - por quem choram os argentinos



La dictadura en números
2818. Son los días que duró la dictadura iniciada el 24 de marzo de 1976 y concluida el 10 de diciembre de 1983, cuando el radical Raúl Alfonsín asumió la presidencia tras ser electo el 30 de octubre de ese año.
30 mil. Son las personas que, según los organismos defensores de los derechos humanos, fueron secuestradas durante la represión ilegal de la guerrilla. La mayoría de ellas permanece desaparecida.
500. Son los bebés robados a sus madres o nacidos en cautiverio en los centros clandestinos de detención. Ya se logró ubicar y restituir su identidad a casi 100.
500. Es el número de centros clandestinos de detención que funcionaron en la dictadura. La mayoría de ellos corresponden a regimientos, dependencias militares, comisarías o destacamentos policiales. El mayor CCD fue el de la ex Escuela de Mecánica de la Armada, por donde se calcula que pasaron unas 5 mil personas.46 mil millones. Fueron los dólares de deuda externa acumulados al final de la dictadura. Al inicio del autodenominado "Proceso de Reorganización Nacional" la deuda externa ascendía a 6.300 millones de dólares.
517. Es el porcentaje de inflación que se registró entre 1976 y 1983.
14 mil. Es el número de soldados, oficiales y conscriptos enviados a las Islas Malvinas tras el desembarco de 1982 y la recuperación transitoria de la soberanía sobre el archipiélago.694. Son los muertos que dejó la guerra del Atlántico Sur con Gran Bretaña.
http://www.clarin.com/diario/2009/03/24/elpais/p-01883617.htm
Publicado por Fernando Esteban Córdoba en 10:10

terça-feira, 24 de março de 2009

O PAVÃO NADA MISTERIOSO




SOBRE A VIDA

A VIDA NÃO É UM BEM NEM UM MAL: É UM CAMPO PARA O BEM E O MAL. Seneca (4 aC)

NESTA VIDA QUANDO ALGO SE ACABA, COMEÇA OUTRA COISA. José Luiz Borges

VIDA, MINHA VIDA, OLHA O QUE É QUE EU FIZ, DEIXEI MINHA VIDA NA MESA DOS HOMENS DE VIDA VAZIA, VIDA, MINHA VIDA, OLHA O QUE EU FIZ (Chico Buarque )

VIVER SEM PRAZER É VIVER DEBAIXO DA TERRA ( Horácio)

NÃO QUERO TER A TERRÍVEL LIMITAÇÃO DE QUEM VIVE APENAS O QUE É POSSÍVEL DE TER SENTIDO. EU NÃO QUERO A VERDADE INVENTADA. ( Clarice Lispector)